sábado, 21 de março de 2015

A dor do aborto.

E nesses dias eu tive um aborto.  Aborto espontâneo.  Abortei nossos dois filhos... nossos dois lindos filhos.  Nosso menino e nossa menina. Nosso menino com seu nome,  que ia crescer com o maior orgulho do mundo do pai, que ia crescer tentando copiar todas as qualidades que eu falaria do pai. Nosso moleque com cabelo pretinho e lisinho e com o sonho de ser engenheiro (como o papai). Nossa "princesinha" braba também foi junto.  Aquela que nosso guri ia proteger na sua ausência.  E eu já tinha um texto decorado para o dia em que eles viessem perguntar do pai... eu tinha idealizado um livro decorativo com toda a nossa história. Eu iria deixa-los livre para escolher a profissão que quisessem,  mas tenho certeza que teríamos um engenheiro e uma psicóloga.  E cheguei a imaginar nossa guria com cabelos pretos, franjinha e com a janelinha na boca e cara de sapeca. Ela teria aqueles seus olhos apertadinhos q acho lindo e sua boca carnuda. Nosso guri seria safado q nem você.  E quando chegasse a adolescência e ele chegasse com cara de quem não fez nada em casa, eu saberia exatamente o que ele andou fazendo.  Eu queria ser a melhor amiga deles, mesmo sabendo que tudo oq eu mais queria no mundo era protege-los para sempre! Eu senti uma dor sem explicação na minha despedida com eles.  Me senti indo embora junto.  Fiquei estéril!  Fiquei estéril de sonhos, planos, vida... Eu não imaginava que doeria tanto abortar os grandes amores da minha vida que nem existiam.

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